Situada no nordeste francês, o território onde hoje é a Alsácia historicamente já pertenceu tanto à Alemanha quanto à França. Isto ajuda a entender o estilo dos vinhos, o culto pela Riesling (mas não apenas ela) e até mesmo a arquitetura das cidades e a gastronomia da região.
Apesar da posição setentrional (no paralelo próximo de Champagne) o clima da Alsácia é protegido das chuvas e umidade pela cadeia de montanhas Vosges. Entre as regiões produtoras de vinho francesas, a Alsácia é uma das mais secas, com chuvas que não passam dos 600 mm anuais. Os vinhedos estão localizados aos pés dos Vosges, na parte oriental da encosta, em altitudes entre 200 e 400 metros. As partes mais baixas, com solos mais ricos em argila produzem vinhos com maior vigor e corpo, enquanto nas elevações, em solos com manchas de calcário, os vinhos são mais verticais, aromáticos e delicados. Entretanto, há grande diversidade de solos, com diferentes combinações, tipos e proporções de calcário, argila, granito e cascalho.
Vinhos biodinâmicos
Enquanto durante o verão a temperatura diurna pode passar dos 30ºC, à noite o clima se torna fresco (podendo chegar a menos de 15ºC), criando condições ideias para o amadurecimento lento e gradual das uvas, com pouco risco de podridões. Também ajuda o fato das colinas terminarem nas margens do rio Reno, criando um corredor natural de ventilação em todo o entorno. Isto reforça a razão pelo que a região é considerada um dos berços dos vinhos biodinâmicos da França, com condições naturalmente sanas para o cultivo da videira.
A denominação de origem para vinhos da Alsácia (Alsace AOP) foi criada em 1962 e hoje 90% desses vinhos são brancos. Há também 51 vinhedos classificados como “Grand Cru” (não existe Premier Cru na Alsácia) e os lieu-dits, semelhante ao conceito de single-vineyard, sempre discriminados nos rótulos das garrafas. Em relação aos estilos, além de espumantes (ali chamados Crémant), brancos, rosés e tintos, existem duas categorias de vinhos doces, Vendange Tardive e Sélection de Grains Nobles; em ordem crescente de qualidade.
Na D.O. são autorizadas 10 variedades, sendo a Pinot Noir a única tinta e as outras 9 são brancas (ou gris): Savagnin Rosé, Auxerrois, Chasselas, Pinot Gris, Muscat, Riesling, Gewürztraminer, Pinot Blanc e Sylvaner.
Dirler Cadé: vinhos biodinâmicos
Jean Dirler pertence à 5a geração da família de vitivinicultores sediados em Bergholtz, vilarejo fundado por monges em 700 d.C., há cerca de 20 km ao sul de Colmar. Ao lado de seu pai, Jean começou a conversão dos vinhedos à biodinâmica na década de 1990 (já eram orgânicos).
Ao se casar com Ludivine Cadé em 1998 a vinícola dobrou de tamanho e recebeu mais nove hectares da família Cadé. A partir de 2000 a vinícola ganhou o nome das duas famílias, Dirler Cadé. Os vinhedos de Cadé estavam concentrados no entorno do vilarejo de Guebwiller, vizinho à Bergholtz e, inclusive, compartilham a área do vinhedo Spiegel, com classificação Grand Cru. Estas novas parcelas incorporadas também seguiram os protocolos do biodinamismo e após 2007 toda a produção de Dirler Cadé é certificada biodinâmica pelo instituto Biodyvin.
Além do mencionado vinhedo Spiegel, Dirler Cadé possui parcelas de vinhedos em outros três Grand Cru: Searing, Kitterlé e Kessler. Cerca de 40% dos vinhedos de Dirler Cadé são Grand Cru e mesmo seus vinhos varietais recebem boa parte das uvas destes vinhedos com classificação superior.
Apesar de cada vinhedo ter uma exposição solar específica e composição de solo única, na média, a combinação da face leste e sudeste, criada pelas encostas das montanhas Vosges, com os solos ricos em cascalho, com areia e calcário, criam uma condição sutilmente quente e particularmente ótima para as expressões da Pinot Gris e da Gewürztraminer. Conforme se sobe nas encostas dos Vosges, a Riesling e a Muscat também alcançam a excelência. Todas as variedades podem aparecer nas versões seco ou doce.
Vinhos da Alsácia no Brasil
A sommelière Amanda Camilotti, também CEO da Mosto Flor, indica dois vinhos desta denominação de origem, o Riesling Dirler Cadé, um AOC Alsace 2017 e o Gewurztraminer Dirler Cadé, AOC Alsace 2016. Clique aqui e saiba mais.