“Uma conversa agradável, uma troca sobre a história de duas lendas da gastronomia e da vitivinicultura da BorgonhaBernard Loiseau e Albert Bichot — e também sobre cultura”. Foi desta maneira que Amanda Camilotti, CEO e sommelière da Mosto Flor definiu a Master Class “Notas de Rebeldia” realizada com Nathalia Cirio, criadora de conteúdo digital e especialista em vinhos da Umami em junho de 2022.

“Notas de Rebeldia” (Uncorked), é o nome do filme do roteirista e diretor Prentice Penny e também da Master Class. É a história de Eliajah que tem de escolher entre o sonho de se tornar um master sommelier e as cobranças do pai para que assuma os negócios da família. O filme está em exibição na Netflix. Os vinhos desenvolvidos por Albert Bichot, conhecido como um dos maiores produtores de vinho de qualidade da Borgonha, aparecem com frequência no filme.

O chef Bernard Loiseau: três estrelas Michelin

Amanda começou falando sobre Bernard Loiseau, “um grande nome da história da gastronomia francesa. Ele assumiu a gestão do hotel Relais Bernard Loiseau e do restaurante “La Cote D’or” em 1975 que à época detinha uma estrela do icônico Guide Michelin. Em 1982, com o sucesso de seu trabalho, Loiseau comprou os dois negócios quando começou a se revelar um dos maiores chefs de gastronomia de todos os tempos, um “revolucionário”. Fez algo brilhante: ao mesmo tempo que utilizava os fundamentos da tradicional cozinha francesa, conseguiu criar pratos sem a presença marcante da manteiga, creme de leite e açúcar e introduziu elementos da Borgonha aos seus pratos que encantavam a todos”.

O grande destaque dele começou com o “minimalismo” na comida e na estética que foi sendo aperfeiçoado ao longo dos anos. Com a sua supervisão, o “La Cote D’or” conquistou uma segunda estrela no Guide Michelin, em 1981 e uma terceira, em 1991. As três estrelas se mantiveram por muitos anos, graças ao trabalho incansável do chef e de sua equipe que viveu, e morreu, de maneira intensa. Em 2003, com 52 anos, Bernard Loiseau foi encontrado morto, deixando uma marca na história da gastronomia francesa. Loiseau inspirou vários filmes e histórias, inclusive o famoso “Rattatouille”. Hoje a rede é comandada pela viúva Dominique Loiseau e seus três filhos.

Amanda Camilotti disse que esteve em alguns restaurantes, como como o Loiseau Des Vignes, em Beaune, onde esteve com Christophe Bichot e degustou vários dos vinhos da linha Loiseau/Bichot.

Albert Bichot: família de vinhos da Borgonha

Nat Círio falou sobre inovação, cuidado e qualidade da produção vitivinícola de Albert Bichot. Sua produção se estende por toda a Borgonha em vários Domaines, e alguns foram destaque no filme Uncorked. É um nome que está há seis gerações na Borgonha, desde 1831. A família de Bichot, diz Nat Círio, chegou na Borgonha por volta de 1300. Começou a produzir vinhos no começo dos anos 1800, por iniciativa do avô, Bernard Bichot, na cidade Montepelier, localizada a sul de Beaune, para onde depois se mudaram

Quem hoje administra o grupo 100% familiar é Alberic Bichot, o tataraneto, mantendo dentro da família todos os segredos e mistérios da produção dos grandes vinhos da Borgonha, entre Chablis, Côte D’Or (Côte de Beaune e Côte de Nuits) e Côte de Chalonnaise, compreendendo até uma pequena parte de Beuajolais.

Nat Círio explica que o filme Uncorked (Notas de Rebeldia), lançado no começo da pandemia no Netflix, destaca os vinhos do Albert Bichot. A razão disso é que “são vinhos tradicionais e inovadores ao mesmo tempo (cada vez mais orgânicos e sustentáveis) e muito gastronômicos. Vinhos que preservam acidez, apresentam estrutura, potência e que harmonizam muito bem com a comida. O filme, em si, aproxima o vinho do dia a dia”.

Durante a Master Class foram degustados dois vinhos da linha Bernard Loiseau e Albert Bichot: Chablis Bernard Loiseau (AOC Chablis, 2020) e Mercurey Bernard Loiseau (AOC Mercurey 2018).