Rosé de Provence se tornou um clássico dos amantes de vinhos frescos e agradáveis. O problema é que recebemos várias ofertas de “rosés de Provence” que usam genericamente esta expressão. O assunto deste post da Mosto Flor – importadora e loja online de vinhos – é justamente sobre o que há de fato ou de fake quando tratamos da designação de origem dos vinhos com o estilo Rosé de Provence.
O fato é que a grande maioria dos vinhos rosés na atualidade se inspiram na Provence. O sucesso dos exemplares produzidos no sul da França segue um perfil delicado, com coloração bastante clara e na boca o foco está no frescor.
A vocação é tamanha que cerca de 90% de todos os vinhos produzidos na região são rosés (6% tintos e 4% brancos).
Dos cerca de 27.500 hectares de vinhedos, cerca de 1/3 já é conduzido de forma orgânica ou sustentável, e dão origem a 160 milhões de garrafas anualmente, em média.
A Provence é considerada a região produtora de vinhos mais antiga da França, com registros com mais de 2.600 anos de história, quando os gregos fundaram Marselha em 600 a.C.
Porém, os franceses que forjaram o termo “terroir”, não deixariam a Provence fora deste conceito. Há uma série de fatores para que os rosés da Provence tenham expressão única, seja pelas variedades utilizadas, onde estas são cultivadas e a forma de vinificação. Todos esses fatores formam o terroir da região e culminam nas denominações de origem.
Entre as castas, a Provence permite o cultivo de 36 diferentes variedades, entre brancas e tintas, onde as principais são Rolle (a mesma branca conhecida como Vermentino), Mourvèdre, Grenache, Cinsault, Syrah, Carignan, Tibouren e Cabernet Sauvignon (tintas).
Além do solo arenoso e calcário, o vento Mistral é fator dominante para caracterizar os vinhos da Provence. O vento frio e intenso que desce pelo vale do Rhône em direção ao Mediterrâneo refresca o clima e dissipa a unidade nos vinhedos provençais.
Existem 9 denominações de origem na Provence, sendo que as três mais importantes quando falamos de vinhos rosés são: Côtes de Provence, Coteaux d’Aix en Provence e Coteaux Varois.
São 9 AOC da Provence
A AOC de Côtes de Provence é a principal entre as 9 AOCs da Provence. Ali são produzidos cerca de 75% de todo o vinhos AOC da Provence.
Segundo as regras da AOC Côtes de Provence, além da delimitação geográfica da área, controle de rendimento por videiras e rendimento limitado de vinho que se pode extrair de 1 quilo de uva, os produtores devem utilizar ao menos 60% das variedades Grenache, Mourvèdre, Cinsault e Tibouren no blend final dos vinhos rosés.
Entre 2005 e 2019 foram criadas 5 sub-regiões dentro da AOC Côtes de Provence. Sainte-Victoire, La Londe, Fréjus, Pierrefeu e Notre-Dame des Anges. Se os vinhedos forem exclusivamente dessas regiões o produtor pode colocar o nome da sub-região junto com o nome principal da AOC; como “Côtes de Provence Fréjus”.
Em 2009 foi criada a IGP Mediterranée, uma Indicação Geográfica com extensão e regras mais genéricas que as AOCs. Muitos rosés que seguem o estilo Provence na realidade pertencem a esta categoria. As uvas podem vir tanto da Provence, quanto do Rhône, da ilha da Córsega e até parte do Loire. Além de controles menores nas regras de vinificação.
Rosé de Provence e a gastronomia
À mesa, os rosés da Provence são versáteis e a gastronomia local é inspiração certeira para não errar. Dois pratos clássicos que impressionam ainda mais na companhia dos rosés locais são a Bouillabaisse e o Ratatouille. O primeiro um condimentado cozido de frutos do mar com açafrão e o segundo simplesmente legumes cozidos e temperados com azeite, alho e ervas frescas. No geral, os rosés da Provence combinam com uma cozinha saudável e mais próxima do dia a dia, com legumes, pescados e saladas (como a também local Niçoise).
PS.: a Mosto Flor traz uma pequena pérola desta região, um verdadeiro Rosé de Provence, o Les Armoises, da Domaine de La Gypière, um AOC Côtes de Provence 2020 (aqui). Fresquíssimo, elegante, equilibrado e vegano!