O blog da Mosto Flor, nova loja online de vinhos ultra-premium e icônicos, aborda hoje uma vinícola boutique da Toscana, a Fattoria di Pretrognano.
A história do vinho na Toscana passa pela região vitivinífera do Chianti, a zona no entorno das cidades de Florença e Siena, com milênios de tradição e história, passando pelos etruscos, o Império Romano e o poderio da família Médici. O vinho sempre atuou como coadjuvante da história italiana: no início do século XVIII, o Grande Duque de Florença estabeleceu a primeira delimitação geográfica para os já cobiçados vinhos de Chianti.
No Brasil, as primeiras garrafas de Chianti que chegaram nas cantinas eram associadas a um vinho simples, que se apresentava em uma garrafa bojuda, envolta em palha, chamada “Fiasco”. Trocadilhos à parte, mesmo com a mencionada simplicidade, já estava clara a vocação daqueles vinhos feitos com base na fresca e ácida Sangiovese: a mesa. Eram vinhos que cresciam e combinavam com boa parte dos mais populares pratos italianos.
A revolução qualitativa do Chianti
Nas décadas de 60 e 70, com implemento da lei de denominação de origem, o Chianti passou por uma revolução qualitativa, se subdividindo em sub-regiões. A Fattoria di Petrognano está a apenas 20 quilômetros de Florença, na margem sul do Rio Arno, próximo da divisa da zona de Chianti Classico, a mais tradicional e protagonista quando se pensa em Chianti.
Petrognano tem mais de um século de história e está nas mãos da família Pellegrini desde 1963, ano de criação das DOCs italianas para vinhos. Desde então a atenção está em fazer apenas o melhor. Além da estrutura para enoturismo e hospitalidade, a Fattoria utiliza somente uvas dos próprios vinhedos para produzir seus vinhos. Dos 85 hectares da propriedade, apenas 25 são dedicados aos vinhedos, dos quais 17 hectares estão plantados com a Sangiovese, 3 com Canaiolo, 1 com Syrah, 1 com Merlot e 2 hectares com a branca Trebbiano Toscano. A área restante está ocupada com bosques nativos dedicados ao agroturismo, a unidade de produção dos vinhos e campos de oliveiras. Esta é uma forma de reproduzir a biodiversidade nativa da região na propriedade e assim manter o equilíbrio natural das plantas.
A enóloga brasileira Monica Rossetti
A produção dos vinhos da Fattoria di Petrognano tem uma forte conexão com o Brasil. A enóloga brasileira Monica Rossetti (veja foto acima), que por muito tempo assinou os vinhos da Lídio Carraro, é a enóloga do projeto toscano. Rossetti faz parte do projeto Animavitis e desde 2019 Petrognano se associou ao projeto que analisa solo, a videira e os frutos para definir o perfil de cada micro-parcela de vinhedo; uma visão holística do vinhedo e com visão para uma viticultura de precisão.
Hoje, cerca de 80% da produção é direcionada a produção da linha MEME, composta por um Chianti Superiore e um Chianti Riserva. O primeiro expressa a fruta e a especiaria da Sangiovese com um toque de 10% da casta local Canaiolo, um Chianti com verdadeira vocação gastronômica. Já o MEME Riserva é produzido a partir de vinhas mais velhas e com frutos mais concentrados. Para explorar sua complexidade o vinho passa por afinamento em grandes barris de carvalho (“botti”).
Ao lado do MEME há a linha ORCI, uma ousada proposta de resgatar a tradicional forma que os romanos vinificavam: em ânforas de terracota. Aqui tanto o branco de Trebbiano e o tinto de Sangiovese, permanecem em contato com as cascas por três meses, dentro das ânforas, o que dá características únicas de sabor e textura. Apenas 1.300 garrafas são produzidas de cada varietal.